Um PIB para cada Brasil
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Opinião

Um PIB para cada Brasil

Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).

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Embora no acumulado de janeiro a agosto deste ano o PIB brasileiro tenha crescido 2,76%, o Índice de Atividade Econômica (IBC-BR) do Banco Central, divulgado nesta terceira semana de outubro, acendeu uma luz de alerta. É preciso atenção com o recuo de 1,13% em agosto, na comparação com julho, a maior retração mensal desde março de 2021, quando foi registrada queda de 3,6%.

Numa análise mais aprofundada, cabe refletir sobre o baixo e instável crescimento econômico brasileiro nas últimas quatro décadas. Se nos últimos dois anos enfrentamos a pandemia e os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, é preciso lembrar que, antes desses eventos conjunturais, vínhamos sofrendo uma retração, nível pequeno de investimentos e alto desemprego. A verdade é que já entramos perdendo na luta contra a Covid-19.

Nos 40 anos que antecederam 2022, a expansão de nosso PIB foi muito atrelada a condições favoráveis do mundo e a algumas medidas econômicas pontuais. Mesmo nessas circunstâncias, crescemos abaixo do que poderíamos e aquém de vários outros países. Em compensação, padecemos muito com as crises externas e tanto quanto com as numerosas que enfrentamos internamente. Considerando nosso potencial, não podemos seguir patinando e andando de lado. Não há mais como adiar um projeto eficaz de desenvolvimento.A letargia econômica tem afastado o Brasil dos padrões necessários à redução das desigualdades e transição a um patamar de renda alta.

Uma causa diagnosticada com clareza para nosso baixo crescimento é a desindustrialização. Cabe lembrar que a manufatura liderou a expansão do PIB até a década de 1980, quando sua participação foi superior a 20%. Mas, vem perdendo espaço, tendo chegado a 11,3% em 2021.Não é mera coincidência a queda de nossos índices de crescimento ser simultânea à retração fabril. Há uma direta relação de causa-efeito nesses indicadores. Agora, sem mais adiamentos, precisamos de uma agenda contemporânea de política industrial, contemplando novos desafios, como o caráter sustentável, inclusão social e incorporação dos novos paradigmas tecnológicos.

O Brasil precisa crescer pelo menos 3% a 4% ao ano. Além do motor industrial, são prementes educação e saúde de qualidade, fomento da economia verde, na qual temos imenso potencial, e atendimento à agenda ESG (Environmental, Social and Governance) pelos distintos setores de atividade. Nada disso será possível sem as reformas administrativa e tributária, adiadas desde a promulgação da Constituição de 1988, e uma forte atuação do Estado como articulador de investimentos e intermediador do processo de desenvolvimento, com equilíbrio fiscal e menos ônus para a sociedade.

Eis os compromissos inadiáveis dos governos federal e estaduais e legislaturas que iniciam seus mandatos em janeiro próximo. Precisamos decidir qual Brasil queremos: o que continuará, como nas últimas quatro décadas, com nível pequeno de investimentos, desemprego alto e baixa competitividade/produtividade; ou uma nação dinâmica, próspera e capaz de prover bem-estar ao seu povo. Para cada uma dessas duas possibilidades de país teremos o PIB correspondente, ou seja, aquele que seremos capazes de fomentar.

Para a indústria paulista, a escolha é clara: não devemos nos resignar à armadilha da renda média. Já perdemos tempo demais na conquista do desenvolvimento.

Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

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O futuro dos idosos: desafios e soluções

Artigo escrito por Miguel Haddad

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Idosos dançando em par
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O envelhecimento populacional é uma realidade inegável, e suas repercussões já são percebidas de maneira contundente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2050, cerca de 2 bilhões de pessoas terão mais de 60 anos, representando um quinto da população global. No contexto brasileiro, dados do Ministério da Saúde alertam para a crescente proporção de idosos, prevendo…

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A direita antipatriota continua vendendo o Brasil para a China comunista

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Dois homens iniciando um aperto de mãos com uma bandeira da China e uma bandeira do Brasil em cima de uma mesa
Foto: Canva Pro

Uma suposta ameaça comunista no Brasil é frequentemente levantada pela direita para, com frequência, justificar ações autoritárias e ameaças à democracia. Essas ideias vagas ainda têm força, mesmo sem histórico de um “projeto comunista” que tenha chegado a ameaçar o Estado brasileiro. Diante da dificuldade de construir planos consistentes para avançar o Brasil, usam a pecha do anticomunismo como um ponto de unificação das direitas na sua diversidade.  O discurso…

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Privatização de setores estratégicos, ameaça à democracia, o desenvolvimento e a liberdade

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Foto: Canva Pro

O professor e historiador Donald Cohen, lançou a obra "Privatization of Everything" com uma forte reflexão sobre o papel do setor privado na sociedade global.  Para ele a privatização de empresas estratégicas nada mais é que entregar à iniciativa privada a autoridade, o controle e o acesso a bens públicos, muitas vezes extremamente necessários à população. O especialista também mostrou…

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Dia da Indústria: CIESP Jundiaí alerta para desafios e destaca importância da educação

O Dia da Indústria reflete a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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Marcelo Cereser, diretor do CIESP Jundiaí, durante evento oficial, vestindo um terno escuro e camisa clara, expressando seriedade.
Foto: Divulgação/CIESP Jundiaí

No próximo sábado, 25 de maio, o CIESP Jundiaí comemora o Dia da Indústria, uma data que convida todos os empresários a refletir sobre a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. “A indústria é um dos pilares fundamentais da economia nacional, gerando empregos, inovação e crescimento. No entanto, enfrentamos, diariamente, desafios significativos que precisam…

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O petróleo não é o excremento do diabo e sim uma Dádiva de Deus

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Foto: Canva

Países do Oriente Médio, Nigéria, Venezuela, Irã, Angola, Congo, Argélia e Rússia são grandes produtores e exportadores de petróleo. Pertencem ou apoiam a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um organismo com viés monopolista e autoritário. Mas além da terra rica, essas nações têm outras características similares como pobreza, concentração de rendas, aversão a institucionalidade democrática e são dominados…

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