Um estudo publicado na revista científica “Nature Food” nesta segunda-feira (19), mostra que as mamadeiras são grandes fontes de ingestão de microplásticos. Em média, um bebê pode ingerir por dia entre meio e mais de um milhão de micropartículas plásticas.

Para a pesquisa, os cientistas utilizaram as mamadeiras do modelo de polipropileno e seguiram o processo de preparação recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com esse processo, para matar as bactérias perigosas é necessário realizar a esterilização e preparação do leite materno em água aquecida a 70ºC.

Os resultados do estudo mostraram que algumas das mamadeiras analisadas liberam cerca de 16 milhões de microplásticos por litro. Além disso, a temperatura utilizada na preparação tem grande importância.

Com a água para esquentar o leite estiver a 95ºC, a presença dos microplásticos pode chegar a 55 milhões por litro. Já com a água aquecida a 25ºC, o número cai para pouco mais de meio milhão.

Sendo assim, segundo o cálculo da pesquisa, um bebê de 12 meses estaria ingerindo, em média, 1,5 milhões de microplásticos por dia. Em países desenvolvidos onde a amamentação tem peso menor, a exposição é ainda mais forte. Na América a exposição chega a 2,3 milhões por dia, enquanto na Europa, o número é de 2,6 milhões de micropartículas ingeridas diariamente pela criança.

De acordo com os autores da pesquisa, os impactos na saúde dos bebês ainda é desconhecido. “A última coisa que queremos é alarmar em excesso os pais, principalmente porque não temos informação suficiente sobre as consequências potenciais dos microplásticos na saúde dos bebês”, comentou John Boland.

Para Oliver Jones, professor do Real Instituto de Tecnologia de Melbourne, a teoria é de que as partículas “simplesmente atravessem muito rápido o nosso corpo”.

Recomendações

Mesmo com as teorias, os especialistas alertam sobre como reduzir os riscos de ingestão das micropartículas, como:

• Lavar a mamadeira três vezes, com água esterilizada fria;
• Preparar leite em pó em um recipiente que não seja de plástico, antes de colocar o líquido resfriado na mamadeira;
• Não agitar a mamadeira em excesso;
• Não colocar a mamadeira no microondas;
• Para aquecer a água, não utilizar chaleira elétrica de plástico (essas liberam uma quantidade semelhante de microplásticos).

Assim, os cientistas informam que o próximo passo da pesquisa é estudar o transporte e o destino das partículas no organismo.