As classes sociais ricas estão acuadas em suas ilhas de conforto
Conecte-se conosco

Opinião

As classes sociais ricas estão acuadas em suas ilhas de conforto

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

Publicado

em

Atualizado há

Representação de classes sociais
Foto: macgyverhh/Canva

A segurança, a educação e a saúde integram direitos que a sociedade democrática brasileira elegeu como fundamentais para o seu desenvolvimento. Entretanto o direito à segurança possui tamanho interesse para a nosso corpo social que os constituintes expressamente o elevaram à condição de único direito fundamental a ser garantido em seu viés individual e social, conforme dispõem, respectivamente, os artigos 5º e 7º da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada no ano 1988. Para que o Estado cumpra com os seus deveres constitucionais de preservar a paz social e reprimir as condutas contrárias ao convívio pacífico foram criados os instrumentos de efetivação desses objetivos comuns,

Com o aumento da violência nos grandes centros urbanos, os shoppings centers passaram a ser uma opção segura para fazer compras e afins, e a maioria dos frequentadores é de classe social com poder aquisitivo elevado e por isso tem mais temor a violência. Essa sensação de segurança está sofrendo ameaças, pois em várias regiões do Brasil vem ocorrendo uma onda de assaltos visando às lojas de joias que compõem o aglomerado de comércio e entretenimentos. Alguns ataques dos ladrões ocorrem em horários de pico e até com tiroteios entre seguranças e suspeitos. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, foram três roubos em menos de uma semana – dois terminaram em mortes, houve também alguns casos na Grande Belo Horizonte.

Todavia as forças policiais estão buscando entender os perfis das quadrilhas e se há conexão entre os crimes, como uma demonstração de possibilidades de reação. Para alguns especialistas o alto valor dos produtos roubados e a possibilidade de usar materiais mais valiosos, como ouro e prata, como fonte rápida de dinheiro é o atrativo. A engenharia do crime está a cada dia mais sofisticada e a audácia dos criminosos não temem os mecanismos do Estado, acredito por ter ciência das fragilidades. Leis brandas, corrupção, excesso de burocracia e infraestrutura policial sem sofisticação suficiente para combater as conexões criminosas, são circunstancias para os marginais seguir intimidando a sociedade ordeira.

As mudanças de ecossistemas sociais são permanentes e as pessoas que não se adaptam buscam refúgios. Com a promulgação da Constituição atual, os governantes foram obrigados a universalizar a oferta de educação e saúde, o que agravou a qualidade desses serviços públicos, não por ausência de verbas e sim por incapacidade de gestão dos recursos. As famílias com rendas mais elevadas, ao invés de pressionar o Estado por qualidade nesses setores, migraram para os serviços privados de educação e saúde deixando ainda mais aparente as divisões de classes.

Enquanto o Estado oferece escolas de base e hospitais apenas para dizer que tem, o setor privado coloca a disposição uma gama de produtos e serviços sofisticados e para quase todos os bolsos. No caso da segurança as mudanças estão também nos muros dos condomínios, os quais servem apenas para divulgar o disparate de rendas e talvez facilitar a pesquisa de mercado dos delinquentes sobre a próxima vitima a ser sequestrada para fazer uma transferência bancária, facilitada pela tecnologia.

A sociedade precisa se manifestar urgente sobre o problema da segurança, pois nas periferias já naturalizou e até romantizou ganhando as telas. E agora já está atingindo o topo da pirâmide e a saída não pode ser aceitação e ao invés de enfrentar o problema normalizar. A privatização indireta da segurança pública que está no apelo do governo atual, e que já ocorreu com a educação e saúde não terá o mesmo êxito, dada as condições da variável.

A organização de milícias armadas como ocorreu na cidade do Rio de Janeiro com consentimento velado das instituições do Estado, aponta para o que pode vir a acontecer em todo o país, o que de antemão aparentava ser um modelo interessante e atualmente estão competindo como “poder paralelo” e com características de crime organizado.

Os donos do capital literalmente estão protegidos em seus jatos particulares e seguidos por seguranças inteligentes e armados, porem as pessoas que não tem essa infraestrutura ficam expostos aos riscos e esperando as mudanças prometidas pelos moralistas com usam o medo como degrau para o seus projetos de poder. Acorda Brasil!

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

Opinião

Planejar a cidade

Artigo por Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí

Publicado

em

Por

Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
Foto: Arquivo pessoal

Ao construirmos uma casa, necessitamos de planejamento e fundações sólidas. Assim também funciona com uma cidade: não há espaço para projetos desorientados, baseados em proposições meramente empíricas e desprovidas de sustentação orçamentária, sem unidade estratégica. O governador Mário Covas dizia que governar exige dizer sim, mas também dizer não. Acrescento que o que se diz, na prática, deve reverberar os…

Continuar lendo

Opinião

Os efeitos da escravidão promovida pelos colonizadores continuam impedindo o avanço da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

Publicado

em

Por

Foto: Canva

O Brasil em pleno século XXI ainda enfrenta distorções na economia e desigualdade social por causa do longo período escravocrata e pela maneira como ocorreu o processo de abolição. As deformações na economia brasileira foram criadas a partir do momento em que a escravidão foi mantida, pois era a base do sistema legal desprezando o capitalismo como sistema de organização…

Continuar lendo

Opinião

Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

Publicado

em

Por

Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

As projeções para a economia brasileira são positivas e o governo aproveita para promover as suas conquistas dando publicidade para a posição do Brasil no ranking das maiores economias global, e com isso vai camuflando o problema endêmico da distribuição de rendas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024…

Continuar lendo

Opinião

Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

Publicado

em

Por

Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

Continuar lendo

Opinião

Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

Publicado

em

Por

Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

É absurda e danosa à economia a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a cobrança retroativa de impostos não recolhidos no passado em razão de sentenças judiciais definitivas ganhas pelas empresas. Estas terão de despender agora expressivo volume de dinheiro com uma inesperada despesa, para arcar com algo que a própria Justiça havia estabelecido como indevido. É uma…

Continuar lendo
Publicidade