A Era das contradições: o jovem rico no oriente e a pobreza no ocidente
Conecte-se conosco

Opinião

A Era das contradições: o jovem rico no oriente e a pobreza no ocidente

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

Publicado

em

Atualizado há

Foto: srpphoto/Canva

Um espaço econômico com um protagonismo no que tange ao desenvolvimento de novas tecnologias, principalmente em áreas como inteligência artificial, inovação de hardware e reconhecimento facial, com os startups avançando em enorme velocidade e conquistando milhões de internautas. Inovação e tecnologia moldam a vida nesse território, como por exemplo, fazer compras, quase todos os estabelecimentos não operam mais com cartões de crédito e moeda fiduciária, os pagamentos são executados por celular.

No quesito mobilidade é um modelo de sustentabilidade e facilidades, toda a frota de ônibus e táxis são de veículos elétricos, grande parte do sistema de delivery de restaurantes a serviços de entregas expressas, é feito com motonetas elétricas. Nas relações de trabalho é notável a revolução, pois uma parcela significativa dos jovens profissionais trabalha em coworks, que estão espalhados por toda a cidade, imaginando criar o próximo unicórnio com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão e conquistam.

A segurança pública que é um desafio em quase todos os aglomerados urbanos do mundo está sendo solucionada com tecnologia e regras rígidas. A felicidade provocada por sucesso profissional já pode ser observado por acesso à renda, pois é fácil perceber nas ruas uma quantidade cada vez maior de jovens desfilando em carros de luxo das marcas famosas como: Jaguar, Tesla, Porsche, Mercedes, Aston Martin. Lojas de grifes que é o desejo da maioria dos humanos estão lotadas de consumidores em todas as esquinas.

Não faço referência a San José na Califórnia, Hamburgo na Alemanha, Milão na Itália ou outra região próspera do ocidente capitalista. Essa e a realidade das cidades ricas e modernas da China comunista e estou expondo a metrópole de Shenzhen, a qual já é um dos locais mais visitados da terra.Em outro ponto do globo essa faixa etária juvenil que chega a um quarto da população vivem expectativas similares com realidades bem diferentes. Conforme dados oficiais uma parcela significante desse universo de pessoas não conseguem qualificação profissional o suficiente para ser absorvido pelo mercado de trabalho.

A ausência de oportunidades para aqueles que já concluíram o ensino superior, infelizmente serve de parâmetros para os mais jovens e mesmo impulsionado pela prosperidade de outras regiões do planeta caem na zona de conforto e abortam os sonhos, talvez por falta de lideranças capazes de desenhar projetos consistentes e duradouros.

Observando o comportamento desse grupo social é fácil perceber que desejam viver em uma sociedade próspera, pois até buscam chances para estudar e trabalhar, porém desistem talvez pela brevidade que a sociedade da informação lhes impõe. Nessa região alguns jovens até vivem uma sensação de pertencimento, quando por muito esforço conseguem adquirir um bem material e faz adaptações para sair do padrão.

Muitos frequentam os outlets em busca de preços acessíveis para adquirir uma marca que está fazendo sucesso no momento, mas não é o que realmente desejam. Ao analisar esses parágrafos muitos leitores vão imaginar que estou fazendo alusão aos países pobres da América Latina, Ásia e África. 

O Brasil tem 50 milhões de jovens entre 14 e 29 anos que não conseguiram completar o ensino básico, como mostra a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O ciclo básico de aprendizagem termina quando o estudante se forma no ensino médio. Ainda entre os jovens brasileiros, 55,6% dos homens param de estudar porque precisam trabalhar. Entre as mulheres, 38,7% diz que precisa realizar tarefas domésticas e cuidar de outras pessoas. Esse cenário é um horror, pois essa juventude sem acesso a qualificação e renda serão idosos pobres e país de filhos miseráveis.

É o processo de exclusão provocado pela educação de base, principalmente a escola pública, que mesmo com orçamentos enormes, não conseguem estimular a juventude e consequentemente promover a tal esperada revolução silenciosa. Vivemos a era das contradições, tendo em vista que apenas os cinco brasileiros mais ricos têm um patrimônio equivalente ao que tem a metade da população do país, conforme revelado no ultimo relatório da ONG britânica Oxfam. 

Enquanto jovens na China comunista consomem 35% dos bens de luxo produzidos na terra, os brasileiros ditos capitalistas estão perdendo o encanto até do sonho, pois são vencidos pela realidade cruel da ausência de oportunidades e empregos com baixa remuneração. Essa tal liberdade é uma enganação, ser livre em sociedades capitalistas é ter grana para financiar seus movimentos, sem essa condição, é apenas mais um andarilho.  

Everton Araújo, é brasileiro, economista e professor. 

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Opinião

Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

Publicado

em

Por

Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

As projeções para a economia brasileira são positivas e o governo aproveita para promover as suas conquistas dando publicidade para a posição do Brasil no ranking das maiores economias global, e com isso vai camuflando o problema endêmico da distribuição de rendas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024…

Continuar lendo

Opinião

Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

Publicado

em

Por

Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

Continuar lendo

Opinião

Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

Publicado

em

Por

Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

É absurda e danosa à economia a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a cobrança retroativa de impostos não recolhidos no passado em razão de sentenças judiciais definitivas ganhas pelas empresas. Estas terão de despender agora expressivo volume de dinheiro com uma inesperada despesa, para arcar com algo que a própria Justiça havia estabelecido como indevido. É uma…

Continuar lendo

Opinião

‘Policiais são, talvez, os profissionais mais fiscalizados e não saem às ruas para cometer excessos’, diz especialista

Opinião de André Santos Pereira, Presidente da ADPESP, Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo

Publicado

em

Por

Policiais Militares de SP
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O governo de São Paulo planeja lançar, até maio, um edital para a aquisição de 3.125 câmeras corporais portáteis para a Polícia Militar, visando incorporar tecnologias avançadas e melhorar a segurança pública. O anúncio vem após críticas direcionadas à Secretaria de Segurança Pública sobre possíveis abusos cometidos em operações da PM no litoral de SP. A Operação Verão terminou nesta…

Continuar lendo

Opinião

A destruição criativa é o grande desafio para os gestores públicos e privados

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

Publicado

em

Por

Foto: Canva Pro

São muitas as teorias para explicar, definir, entender, analisar, ensinar, antecipar e justificar os movimentos dos mercados. Porém nesse breve relato vou ousar em buscar nas leis da física uma reflexão para tais problemas. Isaac Newton físico inglês disse: “Todo corpo tende a permanecer em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo e uniforme a menos que uma força…

Continuar lendo