O liberalismo econômico é uma doutrina surgida no século XVIII na Europa. Os pensadores britânicos Adam Smith, Thomas Malthus e David Ricardo preocupados com o uso dos instrumentos estatais que somente favoreciam a aristocracia desenvolveram um modelo para amenizar o problema, e entre os princípios têm a recusa da intervenção do Estado na economia, defende a livre concorrência e o direito a propriedade privada.
Outras escolas de economia apontaram as contradições e também apresentaram suas contribuições. Observando as economias mais vitais é evidente que a mão do Estado continua sendo o núcleo do sistema, equilibrando as relações entre os agentes, estimulando e financiando inovação e impedindo que os proprietários dos meios de produção se tornem os aristocratas modernos.
O Capitalismo na colônia inglesa da América do Norte tem apenas lapsos de liberdade econômica, pois é liderado pela atuação de um Estado forte, protecionista e interventor. A liberdade para a inovação é uma necessidade do capitalismo de mercado e o financiamento público no caso americano é o grande propulsor para a formação de grandes oligopólios globais em vários segmentos. O Estado é um monstro de cinco cabeças que atua de forma coordenada para manter a hegemonia dos grandes conglomerados.
Utiliza-se de uma diplomacia a qual os fins sempre justificam os meios, financiam milícias armadas, corrompem lideres em outras regiões estratégicas do planeta para enfraquecer as estruturas legais a entregar ao capitalista as fontes de suprimentos que necessitam. Quando essa estratégia não funciona convoca a poderosa força militar e impõe as condições que lhe convém e induz a opinião pública mundial de que estão combatendo os inimigos da liberdade.
Os impostos da sociedade americana alimentam uma indústria cultural que usa a música e o cinema para difundir o modo de vida americano com um fetiche poderoso, estimulando o consumo de conceitos capazes de criar necessidades aos humanos e modificar costumes até em culturas milenares. O pesado investimento estatal em ciência e tecnologia permite o surgimento de monopólios privados aptos para interferir na soberania da maioria das nações direto ou indiretamente.
Esse pentágono utiliza o apelo liberal, porem a tal liberdade de mercados somente ocorre quando está alinhado aos interesses do Estado americano. O boicote econômico e tecnológico é aplicado às nações rebeldes que por direito tentam buscar sua independência financeira e tecnológica. Rússia e China com planejamento estatal rígido podem ser o fiel dessa balança geopolítica. Rússia apesar de usar o Estado para beneficiar os amigos do rei, mas por sobrevivência desse modelo nefasto, mantém um Estado com musculatura que permite fazer frente ao império americano.
A China com uma economia planificada onde o Estado tem autonomia para direcionar o gasto público, promoveu uma revolução no planeta e já está na vanguarda de muitas tecnologias e competindo com o ocidente e com a guinada endógena, creio que ainda nessa década será a Nação com maior produto interno bruto do planeta e os bloqueios do ocidente a economia russa vai acelerar o processo de desenvolvimento Chinês.
Esses movimentos entre os gigantes da terra poderão ter efeitos positivos para os países em desenvolvimento como o Brasil, mas isso somente ocorrerá se romper com o apelo do novo liberalismo econômico que está desintegrando os setores estratégicos e jogando nas mãos de empresas estrangeiras, muitas das quais estatais, as bases para a conquista da soberania e o desenvolvimento social e econômico.
É irresponsabilidade a perversidade que o governo brasileiro está tentando fazer com a Petrobras e com o setor de energia elétrica, com um discurso de que haverá concorrência em setores que por natureza já nascem como monopólios. Um exemplo de responsabilidade é a Arábia Saudita que apesar do jogo de sedução do ocidente para privatização da Aramco, a maior empresa de petróleo do mundo, os sauditas continuam usando a capacidade da companhia para beneficiar os seus habitantes que são os verdadeiros acionistas e também ajudar a humanidade ao equilibrar a oferta de petróleo no mercado global. “O fraco rei faz fraca a forte gente”. Luís de Camões
Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.
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