O Brasil caiu algumas posições no ranking global de desenvolvimento humano da Organização das Nações Unidas e ocupa a 87ª posição, o relatório foi divulgado, um dia após o aniversário do bicentenário da Independência. Para elaborar a lista, que engloba 191 países, a organização mede indicadores de saúde, educação e padrão de vida das nações. Países Nórdicos e da Europa desenvolvida sempre ocupam as posições de relevância nesse índice.
No continente americano os destaques são Canadá e Estados Unidos que ocupam as posições 15º e 21º respectivamente. Já na América pobre a melhor posição é a do Chile que ocupa a 42º, enquanto a Argentina que enfrenta uma depressão econômica brutal, o indicador aponta uma luz no fim do túnel, justamente pela manutenção dos razoáveis níveis de educação em condições de ofertar capital humano para atender as demandas de uma estrutura capitalista mutante, exigente e sem pátria, que buscam aglomerações humanas com capacidade de desenvolver, absorver e aplicar conhecimentos.
É lamentável a postura de quem ocupa o trono no Brasil, pois o projeto de poder passa pela destruição da reserva de capital social e não posso deixar de mencionar a parcela de culpa da sociedade civil que não se manifesta para evitar a degradação das universidades, institutos de formação técnica e do ensino público. As transformações nas estruturas da sociedade global são permanentes e breves, entretanto os povos que não acompanhar essa dinâmica serão excluídos. É sabido que esses movimentos não necessariamente devem ocorrer no mesmo estágio, mas a mesma direção é uma lógica.
Permanecer em inércia é fatal, pois quando tentar um impulso, pode até ocorrer, mas em direção inversa, devido à falta de força ocasionada por atrofiamento da musculatura da sociedade. As razões do atraso já são conhecidas, portanto necessita de um pacto social para avançar principalmente na preservação e na produção de capital humano, extremamente necessário para aproveitar com racionalidade a abundancia de recursos naturais em benéfico da coletividade, e selando o fim da dependência externa.
No relatório da ONU a desigualdade de rendas foi onde apareceu a maior regressão mesmo com a distribuição de recursos financeiros aos mais necessitados, os quais foram corroídos pela inflação dos alimentos provocada principalmente pela omissão do governo federal em proteger o mercado interno. Uma politica comercial para preservar as estruturas da economia doméstica e evitar a competição predatória por comida com mercados ricos, assim como uma ação mais responsável sobre os preços do óleo diesel, seria também mais um antidoto para nos prevenir do veneno das serpentes do mercado.
A falta de competência dos governantes também pode ser atribuída na administração da taxa de câmbio, pois a instabilidade na moeda induz os mercados a dolarizar as operações e a corrosão do poder de compra dos salários é inevitável, esse fenômeno provoca uma retração na oferta de bens e serviços alimentando a espiral inflacionária.
Os dados divulgados pela ONU revelam a brevidade da mudança de rotas, mesmo porque a quantidade de jovens em desalento demonstra a agonia da esperança, enquanto o exército de trabalhadores subempregados, na informalidade e sem qualificação são prenúncios para uma legião de idosos miseráveis sem nenhuma proteção social e ocupando as ruas das grandes metrópoles e muitas vezes sendo acusados de preguiçosos por rudes que vivem em suas bolhas de felicidade coisificada.
“O Brasil está tonto, perdido entre tecnologias novas cercadas de miséria e estupidez por todos os lados”. Arnaldo Jabor – Jornalista e escritor
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Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.