A Bolsa de Valores e a ilusão da riqueza sem esforços.
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Opinião

A Bolsa de Valores e a ilusão da riqueza sem esforços.

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Bolsa de valores
(Foto: Canva)

As pessoas mais atentas e que acompanham as noticias dos mercados de capitais nessa semana, ficaram chocados com a derrocada nas ações do Branco Bradesco, e muitos entraram em pânico ao saber do tamanho do rombo no “valor de mercado” da empresa, sem ao menos ter um ativo da companhia. A perda foi uma bagatela acima de R$ 30 bilhões de reais, algo fora da realidade de quase toda a população brasileira.

Essa euforia não afeta os profissionais no ambiente do mercado financeiro, pois esse comportamento é da natureza do negócio, o futuro não é determinado pela realidade e sim por previsões que na maioria das vezes, os movimentos vão criando novos horizontes. Neste caso especifico o balanço da empresa apresentou um lucro acima de R$ 5 bilhões de reais no período de três meses, o que para os acionistas foi uma decepção, portanto a realidade tem menor importância nesse ecossistema.

Nesse mundo da bolsa de valores o capital é volátil e se movimenta como um furacão, muitos investidores preferem essa turbulência para especular e aumentar seus lucros nas ondulações. Uma queda pode ser uma oportunidade para os que operam apostando na baixa e outros que estão fora do ativo aproveitam o fundo do poço para marcar posição. Enquanto isso os leigos dialogam como se estivessem falando de um campeonato de futebol.

Essas turbulências têm explicações cientificas e as variáveis são inúmeras, vão desde a mudança de um ambiente politico/social até a hipótese de uma inovação tecnológica em um determinado setor. A ebulição é o que move o humor dos investidores, provocando uma sensação breve de riqueza e pobreza e alimentando as incertezas.

Foi exatamente no terceiro trimestre de 2021, que a Meta, dona do Facebook e WhatsApp, viu suas ações desabarem após a divulgação do balanço. Os papeis caíram 26,39% na Nasdaq responsável pela organização dos ativos de empresas de tecnologia. A desvalorização representou uma perda de US$ 237,1 bilhões (mais de R$ 1 trilhão e 200 bilhões) em valor de mercado em apenas um dia, um recorde histórico no mercado financeiro americano.

Para efeito de comparação, a holding de Mark Zuckerberg perdeu o equivalente a 27,5% do valor de mercado de todas as empresas brasileiras somadas na época, conforme dados da Economatica. A derrocada fez a fortuna do fundador da rede social encolher US$ 29 bilhões de dólares, isso somente ocorreu porque o capital ainda não está totalmente fragmentado no mercado secundário.

Outro fato noticiado pela mídia de massa e inundou as redes sociais de pessoas comuns foi o avanço da Petrobras que atingiu em outubro desse ano, seu maior valor de mercado da história, R$ 530 bilhões de reais. As ações da companhia, no patamar mais alto já registrado, chegaram a R$ 42,06 as nominais com direito a voto e R$ 38,16 as preferenciais sem direito a voto, com efeitos imediatos nos derivativos de curto prazo.

Essa alta não se sustentou motivado pela expectativa de mudanças na politica de preços dos derivados, algo que pode até não ocorrer, entretanto no mercado de capitais o futuro é o que importa.

O mercado de ações é muito fascinante e as pessoas que estão fora acreditam nos milagres da fortuna na bolsa de valores, baseando-se na espetacularização de fatos como o da varejista Magazine Luiza que presenciou suas ações crescerem 17.700% em apenas três anos. E provável que venha a surgir outros ativos com essa exponencial, no entanto é tão difícil quanto encontrar uma pepita de ouro em uma montanha.

Nesse mundo encantado a riqueza evapora com muita facilidade, basta observar a velocidade do empobrecimento do Eike Batista que chegou a ser listado na Revista Forbes como o sexto homem mais rico do planeta.

“A ilusão é o primeiro de todos os prazeres”. Voltaire Filósofo francês.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Everton Araújo é brasileiro, economista e professor

Opinião

O petróleo não é o excremento do diabo e sim uma Dádiva de Deus

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Países do Oriente Médio, Nigéria, Venezuela, Irã, Angola, Congo, Argélia e Rússia são grandes produtores e exportadores de petróleo. Pertencem ou apoiam a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um organismo com viés monopolista e autoritário. Mas além da terra rica, essas nações têm outras características similares como pobreza, concentração de rendas, aversão a institucionalidade democrática e são dominados…

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Opinião por Miguel Haddad: Inundações no RS e o papel das cidades na luta contra o desequilíbrio do Clima

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Visão aérea de Porto Alegre - RS alagada
Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

O Rio Grande do Sul sofre nos últimos dias pela série de inundações devastadoras, resultantes das incessantes chuvas que assolaram a região. Com mais de uma centena de vítimas fatais e milhares de desalojados, estas enchentes se tornaram o pior evento climático da história do estado, desencadeando uma discussão urgente sobre os fatores que contribuíram para essa catástrofe e como…

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A corrupção é uma tempestade permanente e contribui diretamente com o caos provocado pelos desastres naturais

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

Os Desastres Naturais são fenômenos que geram impactos nas sociedades humanas trazendo consequências graves para as pessoas. Obviamente muitos desses representam o ciclo natural da terra e ainda a ciência não desenvolveu instrumentos precisos de previsibilidade, para ajudar a amenizar os impactos sobre a vida e a economia. Atualmente, alguns eventos climáticos têm aumentado de maneira significativa, e os cientistas levantam hipóteses…

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Agência Moody’s confirma a recuperação da credibilidade da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

As últimas décadas do século XX foram determinantes para a modelagem da ordem mundial vigente e a acumulação financeira condicionando à produtiva e dando origem a um tipo de capitalismo com menor dinamismo e maior instabilidade quando comparado ao sistema vigente no pós-guerra e, além disso, inverteu o sentido de determinação das crises que passaram a originar-se na órbita financeira…

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Planejar a cidade

Artigo por Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí

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Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
Foto: Arquivo pessoal

Ao construirmos uma casa, necessitamos de planejamento e fundações sólidas. Assim também funciona com uma cidade: não há espaço para projetos desorientados, baseados em proposições meramente empíricas e desprovidas de sustentação orçamentária, sem unidade estratégica. O governador Mário Covas dizia que governar exige dizer sim, mas também dizer não. Acrescento que o que se diz, na prática, deve reverberar os…

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