Jornalista, escritora e palestrante, Samara Del Monte, fala sobre inclusão da pessoa com deficiência neuromotora
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Entrevistão

Jornalista, escritora e palestrante, Samara Del Monte, fala sobre inclusão da pessoa com deficiência neuromotora

Ela também fala sobre seu livro ‘Samara: Apaixonada pela Vida’, dificuldades, sonhos e conquistas

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Mulher cadeirante ao lado de mesa com revistas e flores
Jornalista, escritora e palestrante, Samara Del Monte, fala sobre inclusão da pessoa com deficiência neuromotora (Foto: Arquivo Pessoal)

O ‘Entrevistão’ deste domingo (23) ficará por conta da jornalista, escritora e palestrante Samara Andressa Del Monte, de 30 anos, uma jovem cadeirante e com paralisia cerebral que enfrentou todas barreiras para “ser a protagonista” de sua própria história.

No final de 2019, ela lançou a autobiografia “Samara: Apaixonada pela Vida”, em parceria com a sua mãe, a psicóloga Claudia Del Monte, de 55 anos.

Em conversa com o Tribuna de Jundiaí, Samara contou sobre seus maiores desafios, sonhos e conquistas.

Confira a entrevista completa a seguir:

Tribuna de Jundiaí: Como surgiu a ideia de escrever um livro?

Samara Del Monte: A ideia surgiu em 2007 quando eu e a minha mãe fomos convidadas a dar uma palestra no 2º Congresso de Comunicação Alternativa, na Unicamp. A minha palestra tinha como tema o sentido da comunicação em minha vida, enquanto a de minha mãe focava na importância da família no desenvolvimento e na inclusão da pessoa com deficiência. Enquanto estávamos preparando as apresentações, nasceu, então, o desejo de unir e compartilhar os sentimentos de uma única e intensa história: intensa por conta da angústia, da revolta, do medo, mas que aos poucos foi passando, e a ser intensa também por conta da perseverança, das descobertas, da superação, das conquistas, do amor, da vida, dos sonhos, das vitórias e da paixão.

TJ: “Samara, Apaixonada pela Vida” do que se trata?

SM: “Samara, Apaixonada pela Vida” – a paralisia cerebral não me impediu de ser a protagonista da minha própria história, é um livro autobiográfico, escrito em parceria com minha mãe Claudia Del Monte, e aponto as barreiras que uma pessoa com deficiência neuromotora enfrenta e conto um tanto do que já fiz e que me trouxe respeito e reconhecimento.

TJ: Como foi escrever o livro em parceria?

SM: Escrevo sobre a minha vida desde os meus 8 anos. É através dos textos que expresso minhas ideias e meus sentimentos. A minha mãe sempre me acompanha em entrevistas/palestras. Então contar essa história juntas é algo bem natural que já faz parte de nossas vidas. Minha mãe inicia contando um pouco sobre antes do meu nascimento e eu começo a narrar a partir do momento que eu tenho consciência daqueles momentos expressando também os meus sentimentos em relação a eles.

Foto de mulher loira e mulher de cabelos escuros sorrindo

Livro foi escrito em parceria com sua mãe, Cláudia Del Monte (Foto: Arquivo Pessoal)

TJ: Poderia descrever a experiência de lançar um livro? Como vocês estão se sentindo? 

SM: A experiência está sendo fantástica. Optamos por uma publicação independente, sem vínculo com editora e sem objetivo de comercialização em alta escala, para que possamos divulgá-lo em encontros que possam fazer com que a nossa história chegue de forma acessível até as outras pessoas com deficiência e seus familiares. Tínhamos a ideia de fazer um único lançamento, mas a repercussão já era grande. Então, como tínhamos escolhido o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, 3 de dezembro, para ser também mais uma ação voltada para conscientização, inclusão, luta e comemoração de conquistas, fomos recebendo convites e, assim, iniciamos em Diadema, depois fomos para São Caetano do Sul, Campinas, São Paulo e terminaremos em São Bernardo do Campo. Estamos muito felizes com o retorno das pessoas, tanto familiares, amigos, profissionais e também de pessoas que estão conhecendo agora a minha história.

TJ: Você pretende escrever outras obras? Já existe algum projeto em mente?

SM: Eu sou a idealizadora e editora da revista Mais dEficiente’, publicada desde 2001, quando eu tinha apenas 12 anos. Inicialmente era um projeto bem caseiro, mas que foi se tornando mais profissional com a conclusão do meu curso de jornalismo e com o meu MTB. Ela é uma revista anual, vou fazendo os artigos até meados do ano, depois o material vai para a diagramação e gráfica e distribuímos gratuitamente em eventos como palestras, congressos, feiras de reabilitação, entre outros. A revista Mais dEficiente está na 17ª edição e tem o objetivo de alertar autoridades e mobilizar a sociedade para ações necessárias para pessoa com deficiência e mostrar o quanto é possível ter potencial mesmo com tantas limitações.

TJ: Agora, vamos voltar um pouco. Como foi o aprendizado, ingressar no ensino superior?

SM: Quando criança, sempre gostei de brincadeiras de escolinha e jogos educativos. Mas fui para uma escola especial, pois naquela época pouco se falava em inclusão. Aos 7 anos, já estava completamente alfabetizada. Para escrever no computador comecei a usar os recursos da tecnologia assistiva: capacete com ponteira, ACAT, eViacam. Como também não oralizo, comecei a me comunicar com a Comunicação Alternativa – prancha com os símbolos Bliss. Aos 14 anos foi feita a minha inclusão escolar: ingressei no ensino fundamental, depois fiz o supletivo do ensino médio, prestei ENEM e vestibular agendado para Jornalismo na UNIP e me formei em 2012. Foi um processo bem difícil, mas acreditava muito que poderia ser possível.

Foto de mulher com capacete de ponteira utilizado na comunicação

Samara usa recursos tecnológicos para se comunicar (Foto: Arquivo Pessoal)

TJ: Quando você percebeu que era apaixonada pela escrita?

SM: A minha paixão pela escrita sempre esteve presente comigo. Adorava escrever cartinhas para todo mundo quando comecei o processo de alfabetização. Além da minha revista Mais dEficiente, escrevia também artigos para o jornal da Igreja Matriz de Diadema e depois fui convidada a ser colunista da Revista Reação e repórter freelancer do Jornal ABCD Maior. Trabalho em casa, fazendo as minhas matérias e entrevistando as pessoas por e-mail/redes sociais, parecido como está sendo com você (repórter do Tribuna de Jundiaí) agora.

TJ: Como é o seu dia a dia? Quais são seus hobby e sonhos?

SM: Tenho 30 anos e, além dos meus pais, Claudia e Ubiratan, tenho minha irmã Sarita que é a minha grande companheira e incentivadora para tudo. Mesmo sendo cadeirante adoro ir a todos os lugares, viajar, shows de meus cantores favoritos (MPB). Faço também as minhas terapias: fisioterapia, terapia ocupacional, equoterapia, fonoaudiologia. Gosto muito dos meus terapeutas, eles investem muito no meu potencial. Já voei de paramotor, mas gostaria de pular de paraquedas. Tenho sonho também de mergulhar!

E você gostou da história da Samara? Quer saber mais? Adquira o livro “Samara, Apaixonada pela Vida” pelos site: https://samarandresa.wixsite.com/delmonte.

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