"Não há necessidade de mudança de rotina": infectologista responde dúvidas sobre coronavírus
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Entrevistão

“Não há necessidade de mudança de rotina”: infectologista responde dúvidas sobre coronavírus

Danilo Duarte, médico do Hospital São Vicente, ressaltou que o Brasil não é considerado área de transmissão sustentada

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Passageiros chegam ao Galeão usando máscaras
Infectologista orienta cuidados e tira principais dúvidas sobre o coronavírus. (Foto: Diego Maranhao/AM Press & Images/Folhapress)

Dois casos de infecção por coronavírus foram confirmados no Brasil. Os dois pacientes são de São Paulo e contraíram o novo vírus na Itália, para onde viajaram no mês de fevereiro.

Apesar dos 207 registros suspeitos, o infectologista do Hospital São Vicente, Danilo Duarte, ressalta que o importante é que o Brasil não é uma área de transmissão sustentada, ou seja, não há ocorrência de transmissões dentro do território.

Confira a entrevista na íntegra:

Tribuna de Jundiaí: Em Jundiaí e em todo o Brasil, a procura pelas máscaras de proteção aumentaram e muito. O produto ajuda, de fato, a evitar exposição ao vírus?

Danilo Duarte: Em relação às mascaras, não há evidência nenhuma em usar a máscara para proteção. O uso da máscara só é indicado em serviços de saúde, para proteção de profissionais, para evitar a disseminação do vírus, e em casos específicos por indicação médica.

TJ: Os principais cuidados são medidas simples de higiene. Seguindo essas ações à risca, é possível – mesmo em contato próximo com uma pessoa infectada – evitar o contágio?

DD: Seguindo as orientações de higienizar as mãos sempre que possível após contato com objetos inanimados, evitar tocar o rosto, os olhos, a boca, o nariz, diminui significativamente a chance de contágio, mas infelizmente não evita 100%.

TJ: O novo coronavírus possui uma camada de proteção que o envolve. Isso o faz mais forte de outros tipos de vírus?

DD: O envelope do coronavírus é um envelope viral. A grande maioria dos vírus é envelopado; o que torna ele mais forte ou não, são as estruturas, como proteínas, algumas estruturas que têm o envelope; mas até agora não foi verificado nenhuma estrutura viral que torna ele mais forte do que os outros.

TJ: A rapidez com que o vírus se propagou pelo mundo assusta. Para os brasileiros, que agora se veem frente a frente, há motivo para pânico?

DD: Não há motivo para pânico. Eu acho que um vírus novo sempre gera a necessidade de respeito, de respeitar um agente novo que está em um ambiente novo com várias pessoas suscetíveis. Pânico não, respeito. A gente vai conhecer melhor a doença, esperamos que em breve haja um tratamento eficaz e que dentro de um ano mais ou menos, também tenhamos uma vacina que seja eficaz.

TJ: Os sintomas do coronavírus são muito similares a um resfriado e gripe. Caso uma pessoa apresente os sintomas, ela deve esperar dias para entender a continuidade desses sinais ou, assim que identificar tosse, febre e dificuldade para respirar, deve procurar atendimento médico?

DD: Sempre que apresentar tosse, febre, dificuldade para respirar, é ideal que a pessoa procure o serviço de saúde, porque pode ser uma gripe comum, um resfriado ou pode ser uma outra doença, e dentre elas, a infecção pelo coronavírus.

TJ: Com o primeiro caso confirmado e outros em monitoramento na região de Jundiaí, há cuidados extras? As pessoas devem mudar sua rotina, se ausentar em encontros, por causa disso?

DD: Não há necessidade de mudança de rotina nenhuma na população, porque os casos confirmados estão em isolamento domiciliar. Não tem transmissão sustentada do vírus em território nacional.

As pessoas deveriam redobrar os cuidados e isso deveria ser feito durante todo o ano: cuidar da higiene das mãos, evitar tocar face, boca e nariz de forma desnecessárias, mas não há outras medidas específicas.

TJ: Fatores como o clima (mais frio ou calor) interferem na dissipação do vírus como era o caso do H1N1?

DD: Em relação ao clima, o Brasil é o primeiro país tropical que foi acometido por um caso. A gente vai precisar ter mais casos para saber como o vírus vai se comportar no calor porque até agora a grande maioria ocorreu no inverno, no Hemisfério Norte. Até agora não temos muitas informações em relação a isso.

TJ: Pessoas com viagens marcadas para áreas com incidência da doença devem tomar quais providências?

DD: As pessoas que tiverem viagens marcadas para áreas de transmissão sustentada, devem avaliar bem a real necessidade de viajar para esses locais. E caso viajem, tomar as medidas que já foram citadas de cuidados pessoas e seguir as orientações do Ministério da Saúde e dos órgãos oficiais: tentar evitar locais aglomerados e redobrar, triplicar, quadruplicar, os cuidados com a higiene das mãos.

Mas o mais importante é evitar. Evitar viajar para uma área de transmissão sustentada é o melhor a se fazer.

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