As vaidades dos Poderes Constituídos agravam a crise na economia
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As vaidades dos Poderes Constituídos agravam a crise na economia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Palácio do Congresso Nacional, em Brasília
"O medo é mudo; os aterrorizados falam pouco, parece que o horror diz: silêncio", Victor Hugo, 1802, ativista francês. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Após as restrições do período da ditadura militar, em 1988, a Assembleia Nacional Constituinte promulgou a nova Carta, com direitos e liberdades ampliados e fortalecidos. A oitava na história do País, um fato que demonstra a instabilidade de uma Nação, provocada pela soberba das elites financeiras, as quais tratam os Poderes da República como defensores de seus interesses.

Em três décadas a Nova Constituição já passou por inúmeros remendos, alguns foram ajustes necessários para acompanhar a evolução das relações na era moderna, porem a maioria tem objetivos privados para atender grupos opressores e monopolistas que financiam os homens descuidados que assumem cargos públicos, a atuarem com desvios de finalidades, deturpando a função do Estado.

O Artigo Primeiro da Carta Magna define a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem entre os fundamentos o pluralismo político e determina em paragrafo único que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

O Artigo seguinte sustenta a independência e a harmonia dos Poderes Legislativo, Executivo e o Judiciário, justamente para cumprir os objetivos definidos nos Termos na Cláusula terceira da Lei Maior. Entretanto o que a sociedade está presenciando é a ausência de responsabilidades e a vaidade da alta hierarquia constituída atrapalhando o desenvolvimento nacional, construindo uma sociedade injusta e sem garantias de liberdades, as quais em sociedades capitalistas são regidas pelo acesso a renda.

Estão promovendo o ódio e normalizando a desgraça de uma sociedade carente de braço forte e mão amiga, que certamente não está presente em quem usa o “slogan”, obviamente, basta analisar a história. O voto passou a ser um instrumento de segregação social, pois os postulantes aos cargos eletivos se utilizam da ingenuidade da população e enganam com falsas promessas, ao mesmo tempo em que manipulam pregando o terror com mentiras, multiplicadas por robôs em redes sociais. 

Na época em que o Brasil ultrapassou o Reino Unido e se tornou a 6ª maior economia do mundo, empurrado pela valorização das commodities, que permitiu um equilíbrio macroeconômico com fundamentos sólidos acreditamos que havíamos encontrado a rota do desenvolvimento social e econômico. No caso britânico a economia foi afetada pela crise bancária de 2008 e a consequente recessão foram os pivôs da queda, que pela primeira vez é ultrapassada por um país sul-americano no ranking das maiores economias do planeta, mas os ingleses estavam cientes de que as bases do Estado e a sociedade resistiriam.

Naquele momento os grandes veículos de mídia da Inglaterra destacaram que o Brasil estava se tornando rapidamente uma das locomotivas da economia global e apontou os vastos estoques de recursos naturais e a classe média em ascensão como propulsores do desenvolvimento do país. Mas evidentemente não analisaram outras variáveis que podem afetar o ambiente econômico, entre elas a politica. 

Ano 2014, a harmonia entre poderosos acabou após a eleição e a demonstração de fragilidade fiscal do governo, que não permitia boas ofertas aos parasitas instalados nos outros poderes. Diante desse cenário a imodéstia aflorou no topo da pirâmide da República, o Legislativo arquitetou farsas jurídicas e de mãos dadas com o Judiciário, conseguem desorganizar a economia, elevando a crise de confiança nas instituições legais, que continua se agravando a cada manifestação do Chefe do Executivo sustentado pelos militares sem princípios  e dos togados do Judiciário que não se cansam em renegar o regramento do Estado de Direito. 

O Brasil atualmente ostenta uma posição nada confortável no ranking das economias do planeta. A degradação da classe média, o aumento da pobreza, a dependência externa, a destruição do pacto federativo determinam a fragilidade da macroeconomia que emitem sinais breves de uma derrocada sem precedentes. Enquanto a organização estatal continuar servindo aos interesses de uma minoria excludente e alimentando o esnobismo de seres inúteis na construção de uma Nação soberana, o horror visível continuará servindo para a construção de narrativas ilusórias. 

“O medo é mudo; os aterrorizados falam pouco, parece que o horror diz: silêncio”, Victor Hugo, 1802, ativista francês.

Everton Araújo, brasileiro, economista e professor 

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