"O comerciante não quer ser tratado como tolo", afirma Edison Maltoni
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“O comerciante não quer ser tratado como tolo”, afirma Edison Maltoni

Presidente da CDL e Sincomercio revelou frustração com governos e agradeceu aos vereadores favoráveis a tornar o comércio essencial

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Maltoni, presidente do Sincomercio e CDL, destaca pesquisa feita recentemente: comerciantes querem capital de giro (Foto: CDL)

Comerciante, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Jundiaí e Região (Sincomercio), da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e antenado em tudo o que se refere à situação econômica do Brasil. Assim é Edison Maltoni, que em meio a uma das maiores crises que o país já enfrentou busca, junto com as equipes dessas entidades, fazer com que os comerciantes da cidade tenham o máximo de oportunidades para sobreviver em meio ao caos.

Personagem desta semana do Entrevistão do Tribuna de Jundiaí, Maltoni revelou a frustração com os governos estadual e federal, a importância do uso da tecnologia na retomada e agradeceu aos vereadores que são favoráveis a tornar o comércio da cidade um serviço essencial. Confira:

Tribuna de Jundiaí – É possível dizer quantas empresas fecharam em Jundiaí durante a pandemia? Quantos empregos foram perdidos devido à crise?

Edison Maltoni – Não dá para dizer, não existe um dado rápido em relação a isso. Porque ela (empresa) fecha, mas não dá baixa, aí você não sabe se fechou ou está parada. Aqui na Ponte São João, onde tenho a minha loja, vejo que tem muita gente com a porta baixada porque está reformando, fico até feliz e surpreso em ver isso porque estão se preparando para a retomada. Bem ao meu lado tem uma loja de roupa infantil que fechou, mas em três dias um outro comércio já abriu.

O que vemos, com isso, é que pessoas que perderam o emprego estão buscando montar um novo negócio, então mais do que só fechar teremos um pouco mais adiante o resultado do capital disso: fecharam empresas, mas quantas abriram (neste período)? Claro, evidentemente o fator fechamento é predominante. Em relação às demissões, também não temos dados porque muita gente perdeu o emprego, mas tem empresário que está fazendo esforço (para não dispensar). O funcionário está bem atualizado e temos visto trocas de emprego neste período, pessoas saindo e indo para outros lugares. Isso faz toda a diferença para não ficar parado.

Outro fator é que tem muita gente vendendo pela internet. O fato das portas estarem fechadas não quer dizer que não estão operacionalizando. O e-commerce está funcionando e estão vindo grandes mudanças por conta disso. Quem já estava no digital sentiu menos, inclusive. Vamos ter de nos adequar à nova realidade, é um caminho sem volta. Estamos estudando sobre isso, reunindo a equipe, trazendo profissionais de São Paulo para fazer uma pesquisa de mercado porque já estamos pensando o que devemos fazer nos próximos cinco anos. A recuperação econômica será feita num longo prazo.

Jundiaí é uma cidade que enfrenta bem a crise. Costumo dizer que a crise chega aqui depois e a gente sai primeiro porque temos um PIB que ajuda bastante. A administração municipal lidou bem com a questão da Covid, também, e tem nos atendido sempre que é possível em relação às solicitações feitas.

 

“O e-commerce está funcionando e estão vindo grandes mudanças por conta disso. Quem já estava no digital sentiu menos, inclusive. Vamos ter de nos adequar à nova realidade, é um caminho sem volta. Estamos estudando sobre isso, reunindo a equipe, trazendo profissionais de São Paulo para fazer uma pesquisa de mercado porque já estamos pensando o que devemos fazer nos próximos cinco anos. A recuperação econômica será feita num longo prazo”.

 

Tribuna de Jundiaí – O que foi possível fazer enquanto representante do comércio para ajudar no combate ao novo coronavírus?

Maltoni – Eu acho muito injusto a indústria poder trabalhar e o comércio não. Entendo, mas acho injusto porque não é o comércio o grande difusor deste vírus. Nós fizemos todo o dever de casa: entregamos milhares de máscaras, equipes com 16 pessoas distribuindo nas ruas 5 mil máscaras num único dia; fizemos placas de PVC alertando sobre o distanciamento; entregamos totens com álcool em gel. Fizemos investimentos sempre buscando resguardar e dar condições de trabalho aos empresários, nossos associados.

Paralelo a isso, fizemos dezenas de ofícios e entregamos em reuniões na Assembleia Legislativa, na Câmara Federal e na própria administração municipal, que sempre nos recebeu muito bem, com os pedidos para o nosso comércio. Conseguimos algumas coisas, outras não. A própria mudança do horário de abertura das lojas, que pedimos porque não tínhamos entendido o motivo de colocar (o funcionamento) até às 19h, não fazia sentido algum. O comerciante não quer ser tratado como tolo.

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Trabalho do Sincomercio e CDL na pandemia é de apoio total aos comerciantes (Foto: Divulgação)

Tribuna de Jundiaí – Qual é a maior reivindicação dos empresários, agora que o comércio voltou a abrir as portas?

Maltoni – Soltamos uma pesquisa semana passada e o que (os comerciantes) estão pedindo é capital de giro. O Governo Federal está demorando muito para liberar qualquer tipo de parcelamento, porque só empurrar para a frente (os impostos) não adianta, uma hora isso aí terá de ser pago. Eles têm de nos ajudar, ajudar nossa cidade e o Brasil porque só aqui são mais de 40 mil funcionários do comércio, segundo dados que nós temos até o ano passado. Claro que isso deve ter sido alterado por conta da pandemia, mas são muitas famílias que dependem desse trabalho.

Estamos conversando bastante, também, com o sindicato dos empregados para que o comércio possa trabalhar nos feriados, por exemplo. Temos centenas de pedidos para que as lojas possam abrir, não se pode colocar empecilhos, tem muita gente que quer trabalhar. No feriado de Tiradentes, saí de carro para ver quem estava aberto e fiquei triste porque tivemos muitos pedidos de abertura mas havia poucos estabelecimentos funcionando, infelizmente.

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Maltoni fala de conversas com sindicato dos comerciários: abertura nos feriados (Foto: Divulgação)

Tribuna de Jundiaí – A Câmara Municipal apresentou projeto para tornar essencial o comércio de Jundiaí. Como a CDL e o Sincomercio viram isso?

Maltoni – Tinha ofício nosso lá fazendo esse pedido, porque entendemos que todos são essenciais, principalmente os pequenos estabelecimentos. Falamos com os vereadores, que nos atendem sempre muito bem, e mesmo que não tenham tido sucesso eles demonstraram boa vontade, iniciativa, demonstraram que se interessam pelo nosso ponto de vista. Isso nos deixa satisfeitos, do mesmo jeito que fizemos quando procuramos a administração municipal e os vereadores para falarmos sobre a questão dos supermercados. Fizemos a denúncia em março do ano passado porque era um absurdo, estavam vendendo de tudo lá: pneu, vaso de flor, geladeira, roupa de cama, toalha de banho… isso não pode acontecer, porque mata o pequeno!

 

“Falamos com os vereadores, que nos atendem sempre muito bem, e mesmo que não tenham tido sucesso eles demonstraram boa vontade, iniciativa, demonstraram que se interessam pelo nosso ponto de vista. Isso nos deixa satisfeitos, do mesmo jeito que fizemos quando procuramos a administração municipal e os vereadores para falarmos sobre a questão dos supermercados”.

 

Tribuna de Jundiaí – Os governos estadual e federal deixaram os comerciantes na mão? Faltou apoio dessas esferas?

Maltoni – Faltou, totalmente! O governo estadual deixou a gente a pé e o federal, num primeiro momento, foi mais ativo pois saiu com algumas ações, mas agora estamos na mão. Essa questão das flexibilizações de contrato de trabalho, que foram feitas num primeiro momento, deveriam ter sido mantidas. Com isso, teriam garantido menos desemprego, mas não fizeram de novo.

Outra briga nossa, ainda em termos estaduais, foi o fato de Jundiaí pertencer à região de Campinas para questões relacionadas ao Plano SP de enfrentamento à Covid. Fomos para cima disso, utilizando inclusive as federações (do comércio), mas não teve o que fazer. Nós também permitimos que isso acontecesse, infelizmente, porque uma cidade do porte de Jundiaí já deveria ter resolvido essa situação faz tempo, tendo a nossa região.

Quem acompanha as notícias, principalmente as mídias sociais, já percebeu que o Governo do Estado transformou tudo isso numa disputa política. E quem sofre é a população. Liberaram agora para vacinar os motoristas e cobradores de ônibus! Essa categoria teria de ser uma das primeiras a receber a imunização, porque também estão na linha de frente. Não sou da área da saúde, mas não consigo entender como não podem enxergar isso.

Tribuna de Jundiaí – A CDL lançou recentemente uma plataforma digital com uma série de inovações para os empresários e funcionários do comércio. Como isso funciona? 

Maltoni – Para ter acesso a essa ferramenta, CDL Treina, o nosso associado entra em contato, solicita um login e uma senha. Pode cadastrar quantos funcionários quiser, totalmente gratuito, com acesso a palestras, vídeo-aula, dicas de mídias sociais, vendas on-line, biblioteca, treinamentos, cursos completos, orientações de marketing. São dicas fantásticas que vão contribuir para a atualização do mercado, como oportunidade dos associados terem uma vantagem neste período.

Tivemos dezenas de opções deste tipo de ferramenta nas mãos, mas achamos que essa especificamente poderia ter o melhor proveito no momento. Ela é uma faculdade virtual, à disposição 24 horas por dia, 365 dias no ano, podendo ser acessada aos finais de semana, à noite, em qualquer horário que as pessoas desejarem. Só não faz quem não quer!

Conseguimos habilitar isso tudo para os empresários em menos de dois meses, para mostrar os caminhos que podem ser seguidos. Posteriormente, iremos ampliar o acesso aos cursos para comerciantes e empresários em geral, de segmentos diversos.

 

“Eu acho muito injusto a indústria poder trabalhar e o comércio não. Entendo, mas acho injusto porque não é o comércio o grande difusor deste vírus. Nós fizemos todo o dever de casa: entregamos milhares de máscaras, equipes com 16 pessoas distribuindo nas ruas 5 mil máscaras num único dia; fizemos placas de PVC alertando sobre o distanciamento; entregamos totens com álcool em gel. Fizemos investimentos altos sempre buscando resguardar e dar condições de trabalho aos empresários, nossos associados”

 

Tribuna de Jundiaí – Raio X: quem é Edison Maltoni?

Maltoni – Um cara que sempre gostou de ajudar. Desde menino, como monitor de classe, síndico de prédio e sempre envolvido em projetos: presidente duas vezes do Rotary, presidente da CDL e Sincomércio, vice-presidente da Federação (do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo – FecomercioSP).

A gente faz as coisas com ideal, afinco, e tem muitos amigos que nos ajudam, que abrem caminhos de uma maneira que uma coisa vai chamando a outra. Temos um instituto de tecnologia e saúde, chamado IIdetec (Instituto de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico), em que os amigos fazem atendimentos de graça para a população: aulas, fisioterapia, pré-natal, pós-parto, psicologia. O Edison é o cara que sempre fica provocando as pessoas a ajudar os outros, agregando pessoas do bem que nos ajudam a tocar os nossos projetos. Não são meus projetos, são nossos. Sou o cara que atrai as pessoas para fazer o bem.

Vou fazer 52 anos em maio, sou casado com a Cris, tenho dois filhos: a Naira e o Guto. Sempre trabalhei com comércio, atuei com ações num escritório de representação e depois comecei com o serviço de informática e estamos nisso até hoje.

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